Entrar no Ano do Rato com a Medicina Tradicional Chinesa

Iniciativa da Escola de Medicina Tradicional Chinesa, em Lisboa, atraiu durante um fim-de-semana, curiosos, estudantes e profissionais.

Curiosos, estudantes e profissionais juntaram-se no fim-de-semana de 25 e 26 de janeiro, na Escola de Medicina Tradicional Chinesa (ESMTC), em Lisboa, para celebrar a chegada do ano novo chinês sob o mote “Ano Novo do Rato: Saúde e Longevidade com a Medicina Tradicional Chinesa”. A iniciativa, da Associação de Estudantes da ESMTC, contou com cerca de 150 participantes.

Para os dois dias do “Fim de semana na China”a organização desenhou um programa multifacetado, com mais de 30 actividades. O objectivo? Conhecer melhor as diferentes áreas, técnicas e soluções aplicadas a esta prática alternativa, com mais de três mil anos de existência e cada vez mais recorrente para a prevenção e tratamento de múltiplas doenças.

O Ni Hao Portugal associou-se a esta iniciativa para saber mais sobre os benefícios desta opção terapêutica que em Portugal tem cada vez mais adeptos.

As diversas actividades desenrolaram-se em paralelo nos espaços da ESMTC – Salas de Aula, Átrio Central, Jardim e Pavilhão – sob a orientação de vários profissionais ligados, directa ou indirectamente à Medicina Tradicional Chinesa (MTC).

No sábado, o pontapé de saída foi dado pelas 10 horas. Em ambiente descontraído, Deolinda Fernandes, fundadora da instituição, Rodrigo Rêgo, da Associação de Estudantes e Juvenal Branco, professor na escola, dão as boas vindas aos presentes  e abrem oficialmente o “Fim de Semana na China”.

A abordagem do cancro, a técnica por moxabustão (uma espécie de acupuntura térmica), a veterinária e a disciplina de treino Qi Gong são os temas da manhã, com vários profissionais a exemplificarem algumas das técnicas utilizadas pela MTC.

Nem todos querem assistir às palestras da manhã e na Sala Central e no Jardim, transformados em espaços de exposição, com literatura e produtos específicos, jovens  e menos jovens, convivem e trocam experiências.

É num destes espaços que encontramos Renato Braz, um luso-brasileiro que vive em Portugal há mais de uma década.

Desenvolveu uma marca de kombucha, uma bebida popular entre os que defendem uma vida mais saudável. Para os desentendidos na matéria, a kombucha tem origem na China. Feita à base de chá verde, fermentada por leveduras e bactérias, promove o bem estar geral, dado que é suposto fortalecer o sistema imunológico e melhorar o funcionamento intestinal.

“Trata-se de uma bebida artesanal e milenar, rica em vitaminas, antioxidantes, enzimas e probióticos”. Ao balcão, Renato dá a provar os diversos sabores de kombucha disponíveis, desde o original, até outros com adição de ingredientes que adocicam o paladar e atenuam o sabor, por vezes intenso, provocado pela fermentação da bebida: Frutos Vermelhos, Jasmim e Gengibre e Limão.

Também nós aproveitamos a oportunidade de experimentar, pela primeira vez, esta bebida, que pode ser consumida natural ou fresca, simples ou mesmo combinada. E se “primeiro se estranha, depois, entranha-se”, o veredicto final é: aprovado!

Após o almoço, são outros os temas que enchem as salas de aula da escola e ouvem-se noções sobre nutrição, taoismo ou Feng Shui.

Entramos na sala I Ching para assistir ao workshop “Shiatsu: o toque terapêutico”, sob a orientação de Luísa Martins.

Com origem no Japão e raízes na Medicina Tradicional Chinesa, o Shiatsu tem como objectivo o equilibrar o QI (energia vital) do corpo, aliviando-o das tensões diárias.  Através da pressão realizada com as mãos em determinadas zonas do corpo, relaxa e fortalece os sistemas linfático e imunitário, promove a desintoxicação do organismo, fortalece o sistema nervoso e ajuda a recuperar o tónus vital perdido no decurso das tensões da vida quotidiana.

Disposta em pequenos colchões, a assistência, maioritariamente feminina, escuta atentamente Luísa Martins. O segredo do Shiatshu, está nas mãos e dedos da terapeuta, que deve pressionar o corpo do paciente de forma firme e equilibrada. A movimentação efectuada pela terapeuta, assemelha-se a uma dança, feita ao nível do solo. É também uma filosofia de vida, em que o respeito e a amabilidade para com o outro são essenciais.

A nossa repórter de serviço  presta-se a cobaia e, deitada de barriga para baixo, recebe uma massagem em toda a região lombar. Mesmo que a sua terapeuta seja ainda aprendiza, no final da curta sessão, a sensação de bem estar e relaxamento é bem real.

O primeiro dia está a terminar, mas ainda há tempo para participar numa última actividade. Desta vez, vamos até ao Pavilhão da Escola, onde está prestes a começar a aula prática de Qi Dance, disciplina contemporânea baseada em técnicas de improvisação de dança e de Qigong.

Para além de exercício e terapia, o Qigong é uma autêntica filosofia de vida, com aplicação no dia-a-dia. A prática regular ajuda a melhorar a estrutura e a força do corpo e sintoniza o movimento espontâneo, contribuindo para o aumento da consciência emocional.

Sob o comando de Pedro Paz, os participantes, descalços, executam pequenos exercícios de aquecimento, ao som de uma musica suave. Depois, partem para a execução de movimentações simples, para alguns, e complicados para outros, pois nem sempre é fácil desligar a mente e executar gestos há muito desaprendidos, como espreguiçar ou tocar o céu com as mãos.

Quase no fim, uma dança caótica mas em partilha toma conta do pavilhão. Afinal, é pela desconstrução dos gestos – com o corpo e espírito atento ao que nos rodeia, quer seja a natureza, a sociedade, os indivíduos – que é possível alcançar o pretendido: relaxamento, desbloqueio e controlo da energia, auto-consciência, perfeição no movimento e paz mental.

Com a energia reposta, a equipa de reportagem regressa a casa.  Amanhã ( domingo) a partir das 10 horas, outras sessões completam este fim de semana dedicado à Medicina Tradicional Chinesa.

São 9.30 horas. À porta da escola. reconhecemos de imediato os rostos de várias pessoas com quem nos cruzámos no dia anterior e que se mostram, de novo, entusiasmadas e curiosas para as experiências que o programa de hoje lhes reserva. Aos poucos, surgem também caras novas, obviamente interessadas em saber mais sobre a MTC. A maioria, curiosos e adeptos desta medicina.

A andrologia na MTC, a aplicação de óleos essenciais, a preparação para a gravidez, astrologia e a bebida kombucha são, entre outras, propostas para as sessões da parte da manhã.

Em plena celebração do ano novo chinês, um dos momentos mais aguardados é, claro, a palestra subordinada à “Astrologia Chinesa: O que nos traz o Ano do Rato”.

Percebemos de imediato que o tema suscita grande interesse. Ao longo do corredor, perfilam-se os curiosos que aguardam para entrar na sala e saberem as previsões da Astrologia Chinesa para o novo ano chinês. É perceptível a importância que os signos e os seus significados têm para a qualidade de vida dessas pessoas.

“Em todas as áreas, haverá mudanças, inícios/reinícios e términos de novas fases, tanto no campo pessoal como no profissional […] Inteligência, sentimento profundos, raciocínio rápido, perspicácia, sentido de oportunidade, solidariedade e inovação são características do Rato”, explica Suzana Mendes, orientadora e formadora de MTC.

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A sala é pequena para tantos interessados. Ainda assim, sentados ou em pé, todos querem saber quais as previsões de Suzana Mendes para o Novo Ano Chinês, que este ano está ligado ao Rato de Metal.

Com a tarde a avançar, decorrem as palestras sobre a evidência da MTC, a prevenção do cancro da mama e a reflexologia do pé, que antecipam o momento que muitos aguardam ansiosamente: a chegada de  Zhang Wenchun  um mestre de Medicina Tradicional Chinesa que viajou directamente da China a convite organização para abordar a “Visão da Vida na MTC”.

Passa pouco das 16 horas quando  Zhang Wenchun  inicia a sua palestra, com o auxilio de uma intérprete que traduz, de chinês para português, as suas palavras. Durante mais de uma hora, o mestre explica, de uma maneira generalizada e, mais tarde, mais especifica, os diversos benefícios desta medicina na vida das pessoas, ao mesmo tempo que procura interagir com a assistência que enche a Sala das 4 colunas.

Finalizada a sessão e após os desejos de um Bom Ano Novo Chinês, as intervenções de José Faro – Director da Escola de Medicina Tradicional Chinesa – e de Rodrigo Rêgo – Presidente da Associação de Estudantes da ESMTC, encerraram oficialmente o “Fim de semana na China”.

Juntos, fazem um balanço “extremamente positivo” de todo o evento. De acordo com a organização, o resultado não podia ser melhor e já se planeiam outras iniciativas idênticas que permitam abrir as portas da escola para que o público possa conhecer melhor a Medicina Tradicional Chinesa.

“Esta foi a primeira vez que a Associação de Estudantes da ESMTC realizou uma iniciativa deste género e o resultado não poderia ser mais satisfatório”, referiu o Presidente da Associação de Estudantes.

Para José Faro, precursor do ensino de MTC em Portugal, “com a regulamentação existente no que concerne a terapias ditas alternativas, estão criadas as condições para assegurar a crescente procura (e oferta) da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) no nosso país e iniciativas como a que acaba de se realizar contribuem efectivamente para a sua promoção”.

E é com optimismo e boas energias que terminam dois dias plenos em  partilha e aquisição de conceitos, com a certeza que ainda há muito mais por descobrir sobre o impacto da Medicina Tradicional Chinesa.

Se ficou curioso, consulte a página da Escola de Medicina Tradicional Chinesa , com toda a oferta formativa.

 

Galeria fotográfica ( em actualização)

 

 

 

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