Covid-19: Comunidade chinesa em Portugal enfrenta vários desafios

Depois da discriminação e da exclusão social por parte da população portuguesa, a comunidade chinesa enfrenta um novo problema, com o fecho de vários estabelecimentos comerciais por falta de clientes. 

Y Ping Chow, Presidente da Liga de Chineses em Portugal, disse, em entrevista ao Ni Hao Portugal, que a comunidade chinesa residente em Portugal é a que mais tem sofrido com a situação do Covid-19, embora até ao momento não haja qualquer cidadão chinês ou com descendência, infectado. Agora, e devido ao receio de proximidade com esta população, a comunidade enfrenta outro desafio, a falta de clientes nos estabelecimentos comerciais.

“Com a chegada do Covid-19 a Portugal, não só os estabelecimentos chineses sofreram quebra no negócio. Todos, uns mais que outros, já começam a ter uma redução de clientes nos seus espaços”.

 

Embora o surto tenha chegado na semana passada, a 2 de Março, desde o início deste ano que os estabelecimentos comerciais chineses, nomeadamente lojas e restaurantes, têm sofrido avultadas quebras nas vendas devido aos receios instalados por parte da população portuguesa em frequentar os mesmos espaços que esta comunidade.

“Como a maioria dos estabelecimentos comerciais chineses são pertencentes a famílias, muitos decidiram encerrar para férias”. Y Ping Chow salienta que esta é uma decisão dos próprios empresários e que é tomada devido à falta de clientes que têm tido nos últimos meses devido ao surto. Sem adiantar o número de negócios encerrados, o presidente afirma que Porto, Vila do Conde e Lisboa são as cidades com mais estabelecimentos encerrados e que o tempo para férias poderá ser entre 15 a 30 dias, “tudo vai depender do avançar desta epidemia”.

Ontem, Y Ping Chow, em entrevista à Agência Lusa, revelou que está atento à evolução do vírus em Portugal e que, por parte da comunidade chinesa, “felizmente tomamos todas as medidas necessárias e prova disso é que não aconteceu nada relacionado com o coronavírus junto da comunidade chinesa. Não temos qualquer caso a registar”.

Apesar disso, “iremos continuar a desenvolver acções de prevenção e aconselhamento junto da comunidade […] Estaremos atentos à evolução da situação no país”, acrescenta.

 

Actividades culturais sobre a China em Portugal canceladas 

Desde que o surto do Covid-19 se instalou em Portugal, vários eventos/encontros sobre a China têm vindo a ser cancelados com o objetivo de evitar convívios sociais e prevenir a possibilidade de contágio do vírus. Até ao momento estão confirmados no país 61 casos infectados.

Hoje, o ISCTE-IUL, em parceria com o Centro de Investigação de Estudos de Sociologia (CIES) e com o Centro de Estudos Internacionais (CEI), organizava o 6º Encontro de “Encontros de Estudos sobre a China”. Como a maioria dos eventos, este foi também cancelado por prevenção.

Em declarações ao Ni Hao Portugal, a instituição afirma que todas as actividades/eventos que estavam agendados até dia 24 de Março estão cancelados.

Para além do ISCTE-IUL, outras instituições que promovem assiduamente vários eventos em torno da cultura e a comunidade chinesa em Portugal – Escola Católica Portuguesa, Fundação Oriente, a União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) e o Centro Científico e Cultural de Macau – também cancelaram as actividades programadas.

Embora o surto tivesse chegado há pouco mais de uma semana, a Fundação Oriente desde Janeiro que não organiza qualquer evento relacionado com a cultura chinesa. “Até o surto aqui chegar, decidimos não organizar nenhuma actividade, para além das que já estavam em curso, com o objetivo de prevenir eventuais contágios […] Estivemos desde o início atentos a esta situação, muito antes do vírus aqui chegar. Para já, o Museu do Oriente não organiza mais nenhuma actividade e estamos a tomar as devidas precauções para as que decorrem de momento”.

Todas as actividades/eventos agendados sobre a cultura e comunidade chinesa em Portugal foram cancelados até pelo menos dia 24 de Março, um prazo que poderá ser alargado, mediante a situação do Covid-19 nessa altura. Além disso, várias instituições de ensino – escolas e universidades – estão também de portas encerradas, e as visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na Região Norte estão suspensas. 

 

Por cá, o Covid-19 já infectou 61 pessoas, 471 suspeitos e 83 aguardam resultados laboratoriais. A Região Norte continua a ser a mais afectada pelo surto no país. Na segunda-feira, 10 de Março, o Primeiro-Ministro, António Costa, disse à Agência Lusa, no final de uma reunião com ministros, que “Portugal tem de estar preparado para o pior, desejando que aconteça o melhor […] Comparado com outros países europeus, o número de casos em Portugal ainda é muito inferior”.

Itália continua a ser o país europeu mais afectado pelo vírus e o segundo mais grave a seguir à China, há 9.172 casos infectados e 463 mortes a lamentar.  Quanto à China, as boas notícias chegam e pelo quarto dia consecutivo o país asiático não regista nenhum novo caso de infecção local. Ainda assim, o número de óbitos já alcançou os 3.136 e o de feridos 80.754.

A nível mundial, o número ultrapassa os 114 mil infectados em mais de uma centena de países, mais de quatro mil mortes e quase 64 mil recuperações.

A Direcção Geral da Saúde desenvolveu um site com todas as informações necessárias sobre o Covid-19.

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