“O Associativismo e a Sociedade Civil na Divulgação da China em Portugal”

Tese de mestrado aborda a importância da sociedade civil no intercâmbio cultural luso-chinês.

“O Associativismo e a Sociedade Civil na Divulgação da China em Portugal” é o título da tese de mestrado agora concluída, por Liliana Sousa, no departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território, da Universidade de Aveiro.

A cada ano que passa, aumenta o número de teses de mestrado e doutoramento feitas nas universidades portuguesas que contribuem para aumentar o conhecimento sobre a China, sob múltiplos ângulos.  O trabalho de Liliana Sousa ocupa-se deste crescente interesse geral dos portugueses e foca-se no trabalho de divulgação e comunicação desenvolvido neste sentido, pelas organizações do terceiro setor.

O trabalho realizou-se no âmbito do Mestrado em Estudos Chineses da Universidade de Aveiro, em parceria com o Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), e incluiu um estágio curricular no Observatório da China – Associação para a Investigação Multidisciplinar de Estudos Chineses em Portugal, entre setembro de 2018 e maio de 2019. 

Foi  ao assistir a um painel de oradores durante o ciclo de conferências, “China e PALOPS: Relações Comerciais e Culturais”, organizado pela Universidade de Aveiro, em parceria com a Associação Jovens Empresários Portugal-China (AJEPC), que ouviu Rui Lourido, Presidente do Observatório da China e compreendeu a importância da participação ativa da sociedade civil organizada, para o intercâmbio cultural luso-chinês, explica Liliana Sousa, que acabou escolhendo e sendo acolhida por esta organização, para o seu primeiro contacto com o mundo laboral.

O Observatório da China tornou-se assim o estudo de caso que complementou a sua abordagem ao estudo mais geral do papel da sociedade civil, na divulgação da China em Portugal. 

Reconhecer os principais agentes da sociedade civil que fomentam iniciativas que promovem a aproximação entre Portugal e a China, continuando e aprofundando uma relação baseada numa história de quinhentos anos de interações bilaterais, foi o principal objectivo do trabalho que Liliana quer continuar, considerando o que está feito como apenas um início do muito que há por fazer.   

Portugal destaca-se pelo pioneirismo da transmissão dos primeiros conhecimentos e visões do mundo asiático na era do Descobrimentos  – o entreposto comercial em Macau, sob administração portuguesa, marca profundamente as relações entre Portugal e China- e agora como então, desenvolve um diálogo intercultural que beneficia o entendimento sobre este país no contexto social actual, alargado a toda sociedade portuguesa.

O interesse desta relação –diplomaticamente retomada  após a Revolução dos Cravos – é cada vez maior, frisa Liliana Sousa, lembrando que Portugal não só foi dos primeiros países europeus com que a China estabeleceu uma Parceria Global Estratégica (2005) como integra o projeto global de infraestruturas “Uma Faixa, Uma Rota” devido ao seu potencial marítimo.

O estudo reflete ainda sobre a ascensão da China na cena internacional, tecendo algumas considerações sobre a sua política interna e externa levadas a cabo pelos líderes políticos Mao Zedong, Deng Xiaoping e Xi Jinping, numa tentativa para compreender de que forma os fatores influenciam a emergência dos Estudos Asiáticos, em particular os Estudos Chineses em Portugal ao longo dos anos –  períodos da República, do Estado Novo e do Pós-25 de Abril de 1974 – mas focando principalmente o papel das organizações da sociedade civil.

Liliana Sousa contactou com mais de 20 Associações, Ligas, Fundações, Museus, concluíndo que o número de académicos e investigadores sobre a China em Portugal é hoje ainda reduzido e estão dispersos por várias universidades do país; os alunos que seguem formação superior nesta área também são poucos, devido à perceção generalizada de que é difícil inserir-se no mercado de trabalho, mas regista-se um interesse crescente, sobretudo na aprendizagem da língua chinesa, factor diferenciador para alguns postos de trabalho, nomeadamente nos sectores da diplomacia, turismo, negócios e tradução.

E finalmente que os esforços da sociedade civil não são suficientes para desenvolver os Estudos Chineses em Portugal, porém têm sido um contributo fundamental no fomento do diálogo intercultural, empresarial e académico entre os dois países, tanto mais que os cursos universitários em Estudos Asiáticos e cursos livres de Língua Chinesa surgiram em Portugal apenas na década de 60, só sendo observável algum desenvolvimento nos anos 90.

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