“Amo Portugal, Amo a China”

É o mais recente documentário de Carlos Fraga que pretende dizer não ao preconceito junto dos cidadãos chineses. 

Carlos Fraga (LivreMeio Produções) realizou o documentário “Amo Portugal, Amo a China”que pretende dizer “não ao preconceito e mostrar às pessoas a discriminação que os cidadãos chineses estão a viver”.   

Em entrevista ao Ni Hao Portugal, Carlos Fraga reitera que os cidadãos chineses estão a ser alvos de críticas e de discriminação e que, na maioria das vezes, trata-se de cidadãos portugueses, que nasceram e cresceram em Portugal, mas que têm fisionomia asiática.

A ideia de realizar um documentário surgiu há semanas atrás quando o realizador foi contactado por um jovem chinês que conheceu em 2013 “que nos pediu para os ajudar, fazendo um vídeo para a sensibilização das pessoas em relação à difícil situação que estão a viver, aqui e pelo mundo […] Aderimos de imediato porque entendemos a situação, que nos parece injusta e até perigosa, e solidarizámo-nos com a causa”, revela. 

Com o principal objetivo de romper com o preconceito criado pelo Coronavírus e sensibilizar as pessoas para a marginalização de que os chineses estão a ser vítimas, o produtor decidiu criar um vídeo que tivesse grande impacto junto daqueles que por lá passavam. 

Local escolhido: Rua do Carmo, em frente aos Armazéns Chiado. “Escolhemos esse local para chegar ao maior número de pessoas”. Juntou um grupo de cinco jovens – três chineses, um português e um brasileiro, colocou-lhes máscaras e cartazes, cada um deles escritos pelos próprios.

“Eu sou chinês e nasci em Portugal!”

“Eu sou chinesa, vivo em Portugal. Amo a China, Amo Portugal. Não tenham medo, elimine o preconceito”

“Estamos todos contra o vírus, não contra a China”

“Eu sou contra o racismo”

“Sou Brasileiro, vivo em Portugal. China não significa vírus”.

 

Ao longo do dia, centenas de pessoas juntaram-se ao grupo e aproveitaram a oportunidade para fotografar e postar nas redes sociais, e parabenizar o autor da  campanha de sensibilização.

“O convite que os jovens fizeram não era para as pessoas entrarem no vídeo, era sim para que tivessem contacto com a exposição da sua situação, que rompessem com os preconceitos e que se criasse uma interacção e proximidade até física, com um aperto de mão por exemplo, e num dos casos um abraço […] O vídeo somente recolhe as situações e reacções que se vão produzindo espontaneamente”. 

Questionado se existe ou não discriminação neste momento aos cidadãos chineses em Portugal, Carlos Fraga não hesita: sim, existe. “Se não existisse, estes jovens não teriam tido a necessidade de gritar por justiça. A protagonista do vídeo e principal promotora da acção é exemplo disso pois foi dispensada do seu trabalho por dois meses. E ela é só um exemplo de muitos que estão a suceder”. Carlos acrescenta ainda que em Portugal há já negócios de famílias em verdadeiro risco de falência. “Chineses que vivem em Portugal há muitos anos e que esta é a sua segunda casa ou até a primeira em muitos casos”. 

Bastou umas horas para o grupo perceber que em Portugal há preconceito e discriminação contra os chineses devido à situação do Coronavírus, mas o amor e a solidariedade compensam e enche os corações de quem por lá permanecia. “As gravações decorreram bem. Viveram-se momentos realmente emocionantes”.

Nos minutos finais do vídeo, é impossível ficar indiferente às lágrimas de Anting, uma das intervenientes da campanha. “A emoção demonstrada pela jovem não é mais que a explosão de quem vive uma difícil situação, e que naquele momento está a ser partilhada espontaneamente com gente que se solidariza e demonstra que os entende e prova que somos todos iguais para além da fisionomia”. 

O vídeo foi publicado no final da semana passada e já conta com milhares de visualizações, “já anda pelo mundo […] Tivemos respostas e reacções vindas de Nova York, da China e naturalmente muitíssimas vindas deste país [Portugal] que nos mostra que há gente sensível e solidária”. 

No Youtube, são várias as mensagens de apoio e de solidariedade “Força Wuhuan, Força China, Amo Portugal”, “Somos todos humanos, Força China, Força Portugal” são algumas das mensagens que se destacam pelas dezenas de comentários.

Agora publicado, “pretendemos mostrar que não é justo não ser solidário com quem sofre com uma situação que já por si é dolorosa. Neste caso são chineses que nasceram e vivem em Portugal, que a única diferença é a sua fisionomia asiática. Não há nenhuma razão para a sua marginalização”, termina. 

 

 

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